Na OBEC

Devido a sua filosofia de trabalho menos mistificada, a umbanda na OBEC é leve e voltada para ensinamentos orientais. Na verdade, a casa é administrada por uma Ordem egípcia, que permite a prática de alguns rituais "umbandísticos" por reconhecê-los eficientes e necessários à nossa cultura. O mentor da Ordem, Dr. André, é o mesmo espírito que se apresenta na Umbanda como Seu Tibiriçá, sendo o chefe do terreiro, que por compreensão de uma realidade capaz de abranger todas as outras, nos abre um leque de opções para nossa busca interior. Sendo a nossa Umbanda oriental, temos hábitos que podem se chocar com alguns preceitos das Umbandas em geral. Dentre eles, adiantamos que:

  • não realizamos trabalhos na rua;
  • não fazemos despacho;
  • não oferecemos "comida para santo";
  • não trabalhamos com vida de animais e;
  • não oferecemos bebidas acoólicas às entidades;
  • Em momento algum estamos querendo dizer que tais procedimentos estão errados, absolutamente. Temos respeito por todas as linhas de trabalho espírita e, cônscios das necessidades humanas, sabemos que cada uma delas tem a sua importância nesse complexo processo de crescimento dos indivíduos na terra.

    Entretanto, consideramos dispensáveis determinadas práticas na casa, uma vez que a nossa linha de trabalhos exige que nos esforcemos na descoberta das forças da natureza representadas pelos orixás, na integração de nossos espíritos com os espíritos trabalhadores do plano superior, no auxílio ao desenvolvimento e crescimento dos espíritos menos esclarecidos através do trabalho, da caridade e das boas ações.

    A OBEC, como já exposto, entre outras atividades, pratica a Umbanda sob a orientação de um Caboclo Flecheiro, que vem a ser o chefe do terreiro, responsável pelos trabalhos. Seu nome é Tibiriçá e, embora seja uma entidade que se apresente com todas as características da Umbanda, tem princípios filosóficos ligados ao Oriente.

    A Umbanda da OBEC trabalha em auxílio aos aflitos dentro do que é permitido, sem modificar os rumos naturais designados por Deus. Compreendendo que cada um precisa viver suas experiências, mesmo que amargas, para seu crescimento, as entidades não interferem no carma. Aliviam o irmão que pede ajuda, mostram-lhe a razão de sua dor e orientam-no para que encontre o equilíbrio.

    Obviamente, a maior parte dos casos são resolvidos, uma vez que, se foi permitido chegar até a casa é porque, de alguma forma, aquele irmão merece receber a graça, excetuando alguns casos em que o dever da casa é somente esclarecer.

    Os trabalhos são realizados com flores, frutas, folhas, mel e purpurina por parte da Umbanda; com essências, incenso, luzes coloridas e cristais por parte do Oriente.

    Nos rituais, desenvolvimento e atendimento, exaltamos alguns Orixás, desenvolvemos alguns médiuns e atendemos alguns assistentes necessitados de socorro.

    Não é permitida bebida alcoólica para as entidades, até mesmo porque sabe-se que elas não necessitam do álcool para trabalhar. Os médiuns são os verdadeiros responsáveis pela boa performance das entidades que manifestam.

    O fumo é aceito, porque a fumaça é trabalhada pelas entidades nas necessidades específicas de transmutação do Prana.

    Umbanda é amor

    O extraordinário nos cerca e nem sempre nos damos conta disso. Nossos afazeres diários e preocupações com a vida material nos tornam densos, impedindo que percebamos os sinais que o universo nos envia. A natureza conversa com todos os animais, basta que façamos uma conexão com ela para ouvirmos essa voz que não fala aos nossos ouvidos, mas grita em nossos sentidos. Todavia, muitos necessitam de preceitos e rituais para chegarem à força criadora e mantenedora da vida, quando, se tivessem certeza de que essa força vive dentro de cada um, bastaria que se interiorizassem para encontrar Deus.

    Os rituais para a elevação da sintonia humana ainda são necessários, pelo que se pode concluir. A Umbanda, como qualquer outra seita religiosa, proporciona essa sintonia ao devoto, mas, de forma peculiar, possui uma filosofia mais ampla, já que assume parte dos conceitos de outros segmentos religiosos, tais como o cristianismo (Jesus Cristo = Oxalá), o xamanismo (elementos da natureza e inspiração pelos espíritos), o kardecismo (evolução através das reencarnações), a cultura afro (orixás = forças que regem a natureza). Tal miscigenação nos mostra que a Umbanda é amor porque acata, respeita e une.

    Os mistérios do universo não serão totalmente desvendados pelo homem e em tempo algum Deus será explicado ou definido. Ele é, sempre foi e sempre será tudo aquilo que nossa pequenez não consegue entender, mas que pode alcançar com o coração. Na humildade da Umbanda se reconhece os limites da razão e se descobre que a grandeza do ser está nos sentidos apurados, uma vez que, Deus não se define em palavras lógicas, mas só Ele faz sentido no infinito, só Ele dá sentido ao eterno.

    Carmelia e Carlos Eugênio